terça-feira, 17 de julho de 2012

Não se deixem ser manipulados por aquilo que os olhos já tem visto

Esses dias eu estava lendo o livro "Álcool e outras drogas", produzido e publicado pelo CRP SP (Conselho Regional de Psicologia de São Paulo), onde vários psicólogos com bagagem na área de drogadicção e afins trouxeram o tema com diversos pontos de vista, num debate interessante. Confesso que me senti incomodada com alguns argumentos, que ressoava em meu ouvido como incentivo à liberdade do uso de drogas. Ainda bem que continuei a ler, com esforço em tentar compreender cada ponto de vista. Como eu disse, cada autor tem bagagem suficiente para pelo menos discutir tal assunto. Mas o que quero não é fazer propaganda ou discutir a opinião de tais (para os interessados, leiam o livro). O que quero é abrir uma porta para esse assunto de dependência química, num olhar da própria sociedade ou para levá-la a olhar esse assunto com o mínimo de honestidade. A mídia tem apresentado alguns aspectos sobre a droga. Temos visto em propagandas atores que representam usuários, contando experiências em que os mesmos foram pegos (presos), discriminados ou comparados a traficantes. Eles argumentam que ser usuário ou dependente é uma doença e não maus elementos ou coisas desse tipo. Outra propaganda sobre o tema é a questão do "crack”, tida como a o câncer da nação. Os próprios na propaganda usam termos como: "se liga aí..." (como se quisessem dizer... "meu! Você é trouxa porque usa crack). Então vemos propaganda de cerveja ou outra bebida, rodeada de mulheres bonitas e homens sarados, dado a entender que quem consome tal bebida é que é o "cara" ou a "mina". É engraçado, para não dizer trágico! Mas há pesquisas que comprovam que a bebida alcoólica tem sido usada de forma abusiva entre jovens e adolescentes; sendo uma das primeiras drogas (lícitas) experimentadas por tais. É verdade que a dependência química é considerada hoje uma doença (crônica), porém também é fato que existem dependentes que traficam (às vezes para o sustento do próprio uso) e aqueles que traficam e se tornam dependentes - a linha é muito tênue. Acredito que o "crack" seja um câncer no mundo das drogas, mas existem outras doenças que mantam e, assim podemos denominar outras drogas como doenças. Então quando vemos a propaganda sobre o "crack", pode dar a entender que as outras drogas não mantam. A mídia ainda é uma grande ferramenta para propagar o que quiser. Isso me traz indiguinação; pensar que com um assunto tão sério e real, a grande "ditadura" da mídia por de trás de um governo corrupto, mantem aprisionado a sociedade nessa questão. Até para os que vivem essa situação na pele ( dependentes e familiares), pouco esses sabem sobre droga. Os tratamentos não alcançam a real demanda; a prevenção é escassa. Existem corruptos no tratamento da drogadicção; mas existem entidades e grupos de apoio com trabalho sério ( porém esses correm contra uma avalanche todos os dias). Há muito para se aprender e entender sobre dependência química e por isso acho importante as ações que discutem o tema ( assim como os colegas do CRP SP). Porém, existem milhares de pessoas morrendo todos os dias por causa das drogas; não somente os usuários, mas também familiares que convivem com os seus entes adoecidos e por isso eles também adoecem . Essas mortes nem sempre são física ( apesar de sabermos que nesse mundo isso é comum); há mortes da alma e famílias devastadas sem saber o que é de fato a dependência química; tentando a todo custo sobreviver ou morrer para viver a dignidade. Para muitos a droga não é um problema. Pois eu digo que é! E se há os que digam que não... digo que é um fato na sociedade ( acredito que com isso muitos concordem). Mas para finalizar toda essa história, quero deixar um adendo para os que leram: " Não se deixem ser manipulados por aquilo que os olhos já tem visto... a droga é um fato na sociedade, não podemos fugir disso.

Um comentário:

  1. Os interesses econômicos são na verdade o "câncer" da sociedade. Estes interesses são quem de fato guiam aquilo que deve ser dito ou não a respeito de tais temas. Infelizmente não há interesse das grandes empresas que financiam outras formas de "vício" recriminá-los uma vez que elas são quem sustentam todo o aparato midiático. A mídia quando fala "mal" de alguma coisa (no caso do crack) não tenha duvida que elogia (como no caso dos comerciais de cerveja) outras milhares iguais ou piores.

    Bom texto!

    Fabiano Mina

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